O Brasil enfrenta uma das maiores crises de crédito de sua história recente. A escalada de devedores compromete a saúde financeira de famílias, empresas e instituições bancárias.
É urgente analisar dados, entender causas e propor soluções eficazes para conter o avanço da inadimplência.
Em abril de 2025, registrou-se um recorde de 70,29 milhões de brasileiros negativados, ou 43,36% da população adulta. Esse volume representa um aumento de 4,59% em relação a 2024 e de 1,09% em comparação a março de 2025.
O problema tem caráter cíclico: consumidores entram em inadimplência, perdem acesso a novas linhas de crédito e, mesmo após tentativas de renegociação, retornam às listas de devedores devido a condições econômicas adversas.
Em janeiro de 2025, 68,83 milhões de pessoas estavam negativadas, conforme CNDL e SPC Brasil, e em março de 2024 a Serasa apontou 72,89 milhões de inadimplentes. O perfil dos devedores concentra-se em adultos de 41 a 60 anos (35,1%), seguidos pelo grupo de 26 a 40 anos (34,1%).
A dinâmica da inadimplência no país está atrelada a uma série de fatores que se retroalimentam:
Esses fatores atuam de forma integrada: o consumidor endividado tem menos margem para lidar com aumentos repentinos de preços ou eventuais perdas de emprego.
Diante do cenário descrito, o Banco Central e a Febraban revisaram as perspectivas de expansão do crédito para 2025:
Esses ajustes refletem tanto o revisão das políticas de crédito quanto uma postura mais cautelosa do sistema financeiro, frente ao risco de calote elevado.
O aumento da inadimplência traz consequências diretas para diversos agentes econômicos. Para os bancos, há necessidade de:
Já as empresas de varejo e serviços sentem o efeito nos fluxos de caixa e nos estoques. Redução nas vendas a prazo e maiores custos administrativos podem levar à busca por garantias extras e a políticas de cobrança mais rígidas.
Para romper o ciclo de inadimplência e restaurar a confiança mútua entre clientes e credores, é fundamental adotar medidas que equilibrem segurança e inclusão:
Além dessas ações, a adoção de tecnologia avançada para avaliação de risco pode identificar perfis até então subavaliados, oferecendo crédito de maneira mais justa e sustentável.
A escalada da inadimplência, ao atingir 43,36% da população adulta, exige um olhar renovado sobre as políticas de crédito. A confluência de juros altos, inflação e fragilidade no emprego cria um ambiente de vulnerabilidade que não pode ser ignorado.
Somente por meio de inovação nas análises de crédito, educação financeira sólida e mecanismos de renegociação efetiva será possível reduzir o número de inadimplentes e garantir o desenvolvimento econômico sustentável do país.
Referências