Quando adquirimos bens ou contratamos serviços, muitas vezes um seguro opcional pode estar sendo embutido no processo de compra, sem que o consumidor perceba. É fundamental aprender a identificar essa cobrança e garantir seu direito à escolha.
O seguro embutido (embedded insurance) trata da inclusão de cobertura diretamente no momento da compra de um produto ou serviço, sem a necessidade de etapas adicionais.
Essa integração simplifica a jornada do cliente, oferecendo proteção imediata e transparente em diversas situações do dia a dia.
Muitas vezes o seguro é anexado automaticamente ao valor final, sem auxílio de um processo claro de contratação. Para evitar surpresas, o consumidor deve observar atentamente cada etapa da compra.
Verifique se o contrato, bilhete ou comprovante apresenta discriminação detalhada do valor do seguro, objeto de proteção, vigência e cobertura. Exigir transparência nesse processo é um direito assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor.
Além disso, fique atento aos seguintes pontos:
Quando bem implementado, o seguro embutido traz benefícios tanto para o consumidor quanto para as empresas parceiras. Destacam-se alguns pontos relevantes:
Ao oferecer uma experiência integrada, as empresas conseguem se diferenciar, enquanto o consumidor ganha uma proteção de forma intuitiva e sem burocracia.
Apesar das vantagens, é preciso ter cuidado para que o modelo não prejudique o consumidor. A principal crítica envolve a falta de clareza na comunicação durante a compra, gerando desconfiança e insatisfação.
Em alguns casos, a cobrança é confundida com taxas obrigatórias ou parte integrante do preço do produto, fazendo com que o cliente aceite sem questionar.
Por isso, órgãos reguladores como a SUSEP exigem o cumprimento rigoroso das normas de transparência e consentimento, sob pena de sanções e multas.
O mercado global de seguro embutido cresce de forma acelerada. Segundo estudo da Ins Tech London, o potencial de prêmios brutos subscritos (GWP) pode atingir US$ 722 bilhões até 2030, mais de seis vezes o tamanho atual.
No Brasil, embora o ritmo seja menor, o modelo se expande gradualmente, impulsionado pela inovação em fintechs, plataformas de e-commerce e serviços de mobilidade.
Segmentos variados já adotam o seguro embutido para oferecer maior valor aos clientes:
Empresas de telefonia móvel ativam proteção contra roubo e danos de tela automaticamente durante a venda do aparelho. Redes de varejo de eletroeletrônicos incluem garantia estendida ao finalizar a compra. Locadoras de veículos cobram o seguro CDW (Collision Damage Waiver) no momento do contrato, detalhando valor e cobertura no voucher.
No setor de turismo, agências de viagem e plataformas de reservas oferecem seguro contra imprevistos como cancelamento de voo ou extravio de bagagem, com possibilidade de personalização do plano.
A legislação brasileira impõe regras claras para a oferta de seguros embutidos. O Código Civil, no artigo 757, define contrato de seguro, enquanto o Código de Defesa do Consumidor previne cláusulas abusivas.
A Resolução CNSP nº 434/2021 estabelece requisitos para vendas coletivas e apólices embarcadas, exigindo:
O não cumprimento dessas normas pode resultar em multas, suspensão da atividade e danos reputacionais.
Para evitar cobranças indevidas e garantir total controle sobre seus gastos, siga estas orientações:
Ao exercer esses direitos, o consumidor reforça a importância da transparência e estimula práticas éticas no mercado.
Com a evolução tecnológica e a expansão das plataformas digitais, o seguro embutido tende a se tornar ainda mais presente no cotidiano. A adoção de inteligência artificial e APIs permitirá ofertas cada vez mais personalizadas, reduzindo custos e ampliando a cobertura.
Se bem conduzido, esse modelo pode democratizar o acesso a seguros, transformando positivamente o setor e promovendo a inclusão financeira. O desafio será manter o equilíbrio entre inovação e proteção ao consumidor, garantindo sempre a clareza e o respeito aos direitos individuais.
Este é o momento de consumidores e empresas unirem forças para construir um mercado de seguros mais transparente, ágil e acessível, onde todos saiam ganhando.
Referências