No cotidiano brasileiro, não é raro receber pedidos de amigos, familiares ou conhecidos solicitando o CPF para obtenção de crédito. Este gesto pode parecer inofensivo, pois nasce da confiança, mas acarreta riscos sérios a quem cede os dados.
O empréstimo do nome envolve ceder seu documento a terceiros e transfere toda a responsabilidade legal pelo pagamento ao proprietário do CPF. Mesmo acordos informais não têm validade diante das instituições financeiras e cartorárias.
Segundo pesquisa da Serasa, 30% dos brasileiros já cederam seus dados pessoais (nome, CPF ou cartão) para que terceiros contraíssem empréstimos, financiamentos ou compras a prazo em seu nome.
Esse é o terceiro principal motivo de endividamento no país, representando 25% dos casos, atrás apenas do desemprego (33%) e da redução de renda (27%). Em 24% dos inadimplentes, a causa foi justamente o empréstimo de nome, e em 53% desses casos o dono do CPF teve que arcar sozinho com a dívida.
Muitas vezes, a falta de acesso ao crédito e a urgência de solucionar emergências financeiras levam parentes e amigos a recorrer a terceiros. O desemprego elevado e a diminuição de renda pressionam ainda mais esse comportamento.
Com 33% dos endividados afetados pelo desemprego e 27% pela redução de renda, a dificuldade de obter crédito diretamente motiva a busca por alguém que possua score mais atrativo ou histórico financeiro limpo.
Ao assumir um contrato de crédito com dados de outra pessoa, o não pagamento gera consequências imediatas. O atraso nas parcelas não só negativado o CPF, mas também faz cair o score de crédito do emprestador, dificultando ainda mais a obtenção de empréstimos futuros.
Além disso, o simples registro de atraso impacta diretamente o histórico de crédito, reduzindo o score e elevando as taxas de juros em futuras operações.
Quando a dívida não é quitada, o nome do emprestador é negativado e a restrição atinge diversos aspectos da vida financeira.
Casos reais demonstram que dívidas de poucos milhares de reais podem gerar ações judiciais e penhora de bens, afetando a estabilidade financeira do emprestador.
No âmbito penal, o uso indevido do CPF para abrir contas, contratar serviços ou criar empresas pode configurar infrações graves, resultando em processos judiciais e possíveis condenações.
Embora o pedido de empréstimo de nome muitas vezes parta de um gesto de confiança, as consequências podem ser devastadoras para os laços afetivos. Quando as parcelas não são pagas, surgem dúvidas, ressentimentos e acusações que minam a convivência e a confiança mútua.
O desgaste emocional pode levar a transtornos de ansiedade e estresse, uma vez que o emprestador enfrenta cobranças incessantes e convive com o medo constante de novas restrições.
Especialistas recomendam jamais emprestar o nome ou dados pessoais mesmo para pessoas próximas. Se for impossível recusar, é vital formalizar contratos particulares e acompanhar pagamentos para ter algum controle sobre a operação.
Outra alternativa é orientar a pessoa a buscar instituições de microcrédito ou cooperativas financeiras, que costumam oferecer planos mais flexíveis e taxas de juros mais baixas.
A melhor forma de proteger seu futuro é manter o CPF livre de riscos. Adotar a preservação das próprias finanças e recusar pedidos de empréstimo de nome garante tranquilidade e evita desgastes emocionais e legais.
Referências