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Reformas estruturais seguem como desafio de longo prazo

Reformas estruturais seguem como desafio de longo prazo

17/06/2025 - 11:12
Matheus Moraes
Reformas estruturais seguem como desafio de longo prazo

O Brasil enfrenta um momento decisivo em sua trajetória de desenvolvimento. A urgência de mudanças estruturais nunca foi tão evidente, e o futuro econômico do país depende de decisões que ultrapassam mandatos e interesses imediatos.

O cenário econômico e a urgência de mudanças

Em 2025, o país inicia com desafios econômicos persistentes: inflação elevada, câmbio desvalorizado e um déficit fiscal que se aproxima do limite legal. As projeções de crescimento são modestas: 2,1% segundo a OCDE e 2,5% conforme o FMI, taxas que ficam bem abaixo de economias emergentes como Índia (6,5%) e Filipinas (6,1%).

Sem ajustes profundos, o Brasil corre o risco de ver seu potencial de crescimento econômico ser permanentemente comprometido. O nível de investimento público e privado permanece baixo, enquanto a rentabilidade de setores estratégicos é prejudicada pela incerteza regulatória e pela carga tributária elevada.

A reforma tributária: equidade e produtividade

A sistema tributário brasileiro concentra cerca de 45% da arrecadação no consumo, criando um viés regressivo que penaliza os mais vulneráveis. O Projeto de Lei 1.087/2025 propõe unificar cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins) em dois instrumentos simplificados, além de regulamentar a tributação de grandes fortunas para gerar R$ 40 bilhões anuais.

Embora represente um avanço em transparência e neutralidade, a proposta enfrenta desafios na operacionalização. A dependência histórica de arrecadação sobre o consumo exige soluções que não apenas redistribuam cargas, mas também incentivem a produção, o investimento e a inovação.

Este quadro fiscal indica que soluções pontuais não bastam. Apenas reformas profundas podem evitar uma crise de liquidez e garantir espaço orçamentário para investimentos essenciais.

Infraestrutura, educação e inovação como vetores de crescimento

A competitividade brasileira é limitada pela baixa qualificação da força de trabalho e pela infraestrutura precária. Rodovias esburacadas, portos saturados e redes de transporte defasadas aumentam o custo logístico e afugentam investidores.

Além disso, a transformação digital não deve ser meramente adotada, mas acompanhada de reengenharia de processos que amplie produtividade e reduza gargalos.

  • Aprimorar ferrovias e hidrovias para reduzir custos de transporte.
  • Investir em escolas técnicas e universidades para formar profissionais alinhados ao mercado global.
  • Fomentar parques tecnológicos e incubadoras para startups inovadoras.

Essas ações, quando coordenadas, podem elevar o país a patamares de desenvolvimento mais altos, atraindo investimentos diretos e promovendo a inclusão social.

Desafios políticos e resistências

Qualquer tentativa de mudança estrutural inevitavelmente enfrenta resistência no Congresso e setores interessados na manutenção do status quo. A reforma tributária, por exemplo, desafia estados e municípios que dependem de receitas específicas.

O debate público precisa amadurecer para compreender que o custo de não reformar é mais alto do que as concessões momentâneas. A deterioração dos serviços públicos, a piora na qualidade da educação e da saúde e a sobrecarga da dívida inviabilizam o crescimento sustentável.

  • Lobby de grupos que se beneficiam do sistema atual.
  • Complexidade do pacto federativo brasileiro.
  • Falta de consenso entre partidos e setores da sociedade.

Superar essas barreiras exige diálogo transparente, dados confiáveis e uma narrativa que mostre ganhos coletivos a longo prazo.

Estratégias para avançar com as reformas estruturais

Para que as mudanças prosperem, é imprescindível cultivar visão de longo prazo, planejamento rigoroso e a construção de consensos que transcendam ciclos eleitorais.

  • Elaborar diagnósticos técnicos independentes para fundamentar decisões.
  • Realizar fóruns multipartidários que integrem sociedade civil e setor privado.
  • Definir metas claras, indicadores de desempenho e mecanismos de transparência.

Essa abordagem torna as reformas mais resistentes a retrocessos e cria confiança em agentes econômicos e na população.

Ao combinar aperfeiçoamento tributário, expansão de infraestrutura e modernização da gestão pública, o Brasil poderá romper o ciclo de crescimento baixo e tornar-se um ator relevante no cenário global.

Mesmo diante de obstáculos, há espaço para mobilização social e iniciativas locais que demonstrem na prática os benefícios das mudanças estruturais. Governos estaduais, municípios e empresas estão testando modelos inovadores que, se bem-sucedidos, servem de exemplo para a federação.

O desafio é grande, mas a oportunidade de transformar o Brasil em uma economia mais justa, dinâmica e resiliente é única. A hora de agir é agora: o futuro do país depende de coragem política, compromisso social e um projeto compartilhado que priorize o bem-estar coletivo em vez de interesses momentâneos.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes