Logo
Home
>
Economia
>
Setores produtivos buscam alternativas diante do alto custo operacional

Setores produtivos buscam alternativas diante do alto custo operacional

20/04/2025 - 07:33
Fabio Henrique
Setores produtivos buscam alternativas diante do alto custo operacional

Em 2025, o cenário econômico brasileiro apresenta desafios sem precedentes para diversos segmentos do campo. A escalada nos preços de insumos, associada à volatilidade cambial, força produtores a repensarem seus modelos de negócio. Da lavoura de milho e algodão em Mato Grosso à cafeicultura em Minas Gerais e à pecuária leiteira, cada setor sente o impacto e busca caminhos para manter a viabilidade.

Neste texto, vamos analisar dados recentes, custo operacional total por hectare, principais fatores de pressão, consequências para as margens e, sobretudo, as alternativas que têm se mostrado mais eficazes. A inspiração vem das histórias de produtores que transformaram adversidade em oportunidade, servindo de exemplo para toda a cadeia produtiva.

Cenário dos custos operacionais em 2025

Em Mato Grosso, o milho registrou em 2025 um custo médio de R$ 6.515,04 por hectare, com alta mensal de 0,79%. No mesmo estado, o algodão ultrapassou R$ 18.000 por hectare para a safra 2025/26, com fertilizantes representando cerca de 35% do total. Ainda que o preço de sementes tenha recuado, a pressão de defensivos e matéria-prima mantém o patamar elevado.

Em Minas Gerais, a cafeicultura familiar também sente o peso do aumento. O Custo Operacional Efetivo (COE) por saca subiu 13% em 2025, com destaque para 21% de acréscimo nos gastos com mão de obra em regiões como Guaxupé. Proprietários em Franca enfrentaram uma disparada de 49%, combinando alta nos custos de fertilizantes (+57%), defensivos (+40%) e mecanização (+26%).

Na pecuária leiteira, o primeiro bimestre de 2025 apontou elevações de 1,9% em janeiro e 2,5% em fevereiro. A alimentação concentrada, atrelada ao milho, teve reajustes expressivos, enquanto a valorização do dólar acima de R$ 5,70 encareceu fertilizantes importados e insumos essenciais. Esse quadro pressiona o produtor a buscar eficiência em cada etapa.

Fatores que impulsionam os custos

Embora cada segmento tenha suas peculiaridades, vários elementos convergem para o aumento dos gastos operacionais. Entre eles:

  • Alta nos preços de fertilizantes, defensivos e sementes;
  • Flutuação cambial, com dólar valorizado encarecendo importados;
  • Pressão por salários e gestão eficiente de recursos;
  • Aumento dos custos energéticos e logísticos;
  • Dificuldade de acesso a crédito e juros elevados.

Estes fatores, aliados a eventuais quedas na produtividade, elevam o custo por unidade produzida e comprometem as margens de lucro de quem vive do campo.

Impactos no setor produtivo

O aperto nas margens obriga produtores a revisarem toda a cadeia de valor. Pequenas e médias propriedades se veem sob risco de inviabilidade, enquanto grandes empreendimentos reavaliam investimentos e prazos de retorno. A competitividade, tanto no mercado interno quanto externo, sofre diretamente com a redução da rentabilidade.

As consequências não se limitam às finanças: há impactos sociais e ambientais. A migração de trabalhadores sazonais, a concentração de terras e o desestímulo a práticas sustentáveis podem agravar crises regionais. Em contrapartida, quem assume a vanguarda na modernização encontra oportunidades para se destacar.

Alternativas e estratégias de adaptação

Frente ao cenário complexo, produtores buscam soluções inovadoras e colaborativas. A seguir, algumas das principais iniciativas:

  • Adoção tecnológica e mecanização: uso de drones, sensores e sistemas de monitoramento remoto para reduzir desperdícios;
  • compra coletiva de insumos: negociação conjunta por cooperativas para obter melhores preços e prazos;
  • Otimização de manejo e processos, com revisões de tratos culturais e aplicação racional de fertilizantes;
  • gestão de mão de obra: capacitação, trabalho sazonal terceirizado e adoção de práticas de produtividade;
  • proteção contra a variação cambial, por meio de contratos de hedge e planejamento financeiro;
  • diversificação de produtos e atividades, integrando lavoura e pecuária ou acrescentando culturas adicionais;
  • Busca por linhas de crédito mais favoráveis e renegociação de dívidas.

Essas estratégias, quando combinadas de forma personalizada, podem reduzir em até 15% os custos totais e fortalecer a resiliência dos negócios.

Tendências e perspectivas para 2025

O movimento em direção a modelos produtivos mais sustentáveis e financeiramente viáveis deve se intensificar. Produtores com alto grau de inovação e captação de recursos diferenciado ganharão vantagem competitiva. Ao mesmo tempo, o protagonismo de cooperativas e consórcios tende a crescer, reforçando a ideia de que a união faz a força diante de pressões econômicas.

Espera-se que iniciativas de biotecnologia, como sementes transgênicas de segunda geração, e sistemas de agricultura de precisão se tornem mais acessíveis, democratizando o acesso à adoção tecnológica e mecanização. Ao mesmo tempo, indicadores ambientais ganharão peso nas negociações internacionais e em linhas de financiamento verdes.

Para os pequenos produtores, a chave está na colaboração e no acesso a serviços de assistência técnica. O fortalecimento de redes de cooperação e a participação em programas de certificação podem criar valor agregado, abrindo mercados premium e reduzindo a vulnerabilidade a choques de preços.

Em suma, o futuro do agronegócio e da pecuária leiteira no Brasil depende de uma combinação de inovação, gestão estratégica e cooperação. Ao adotar práticas que melhorem a eficiência sem sacrificar a sustentabilidade, os setores produtivos podem não apenas sobreviver, mas prosperar num ambiente de custos crescentes.

Este é o momento de transformar desafios em oportunidades, promovendo a modernização do campo e assegurando a continuação de um dos pilares mais importantes da economia nacional.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique