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Acompanhe a performance e reequilibre periodicamente

Acompanhe a performance e reequilibre periodicamente

05/07/2025 - 12:19
Robert Ruan
Acompanhe a performance e reequilibre periodicamente

Em contratos administrativos, sobretudo no contexto brasileiro, manter o equilíbrio econômico-financeiro é tão vital quanto firmar o acordo. Sem um sistema eficaz de monitoramento e ajustes periódicos, a execução pode tornar-se vulnerável a variações de mercado e choques externos.

Introdução ao Acompanhamento de Performance

O processo de acompanhamento contínuo envolve a observação sistemática de todos os parâmetros contratuais. Esse modelo permite identificar, em tempo real, indícios de desequilíbrio e agir preventivamente, evitando perdas financeiras irreversíveis.

Ao instituir rotinas de verificação dos custos de insumos, prazos e qualidade dos serviços, a administração pública ganha maior segurança jurídica e operacional. Além de proteger o contratado de prejuízos indevidos, assegura-se a continuidade e a eficiência dos serviços.

Fundamentos Jurídicos e Importância do Reequilíbrio

O reequilíbrio é amparado pela Constituição Federal e pela legislação específica (Lei 8.666/93, Lei 10.192/01 e Lei 14.133/21). Sua função é promover a restauração da equação econômico-financeira sempre que previsões ou eventos imprevistos alterem significativamente as condições iniciais.

Cada contrato deve conter cláusulas de recomposição de preços, estabelecendo instrumentos como reajuste, repactuação e revisão. O artigo 3º da Lei 10.192/01 impõe periodicidade mínima anual, mas a revisão por fatos imprevisíveis pode ocorrer a qualquer tempo, desde que comprovada.

Além de proteger o contratado, o reequilíbrio beneficia a administração, pois evita propostas extremamente conservadoras ou superfaturadas, garantindo gestão pública eficiente e responsável e assegurando a sustentabilidade do gasto.

Instrumentos de Reequilíbrio

Metodologia para Monitoramento de Performance

Para garantir a eficácia do respeito ao equilíbrio contratual, é preciso estruturar um sistema de acompanhamento que contemple coleta e análise de dados em bases regulares.

  • Levantamento periódico dos preços de insumos e serviços;
  • Atualização de índices oficiais de inflação e indicadores de mercado;
  • Desenvolvimento de relatórios de desempenho financeiro e operacional;
  • Avaliação de cumprimento de cronogramas e marcos contratuais.

Essas práticas asseguram que desvios sejam detectados precocemente, permitindo o acionamento de cláusulas de reajuste ou revisão antes que o descompasso se torne insustentável.

Procedimento para Solicitação e Implantação do Reequilíbrio

Quando sinais de desequilíbrio são identificados, o contratado deve formalizar o pedido de reequilíbrio com base em dados objetivos e justificativas técnicas robustas.

  • Levantamento e análise das variações de custo e seus impactos;
  • Elaboração de relatório detalhado apontando o fato gerador;
  • Encaminhamento de documentação comprobatória à administração;
  • Avaliação jurídica e técnica no prazo de até 30 dias;
  • Se deferido, lavratura de Termo Aditivo para formalizar as alterações.

Documentos essenciais incluem comparações de preços de mercado, índices oficiais, notas fiscais e pareceres técnicos. A transparência nesse processo é crucial para uma decisão célere e fundamentada.

Tipos de Reequilíbrio e Casuísticas

Existem diferentes modalidades de reequilíbrio, cada uma adequada a circunstâncias específicas:

  • Por período determinado: ajusta valores com base no desequilíbrio aferido em intervalos predefinidos;
  • Por evento específico: aciona-se quando fatos imprevisíveis ou de força maior impactam diretamente o contrato;
  • Automático: reajustes periódicos previstos em cláusulas contratuais, normalmente atrelados a índices inflacionários.

Em 2024, por exemplo, a aplicação do IPCA próximo a 4% sobre contratos de fornecimento de materiais garantiu a recomposição de custos sem a necessidade de disputas judiciais.

Em cenários de choque nos preços do aço ou na cadeia logística, os pedidos de recomposição baseiam-se na fórmula (custo atual – custo base) × quantidade consumida, garantindo precisão e transparência.

Riscos e Recomendações

A ausência de monitoramento e de reequilíbrio pode levar a sérios problemas na execução contratual:

  • Interrupções por inviabilidade financeira do contratado;
  • Queda na qualidade ou atraso na entrega dos serviços;
  • Disputas judiciais onerosas e comprometedora de imagem institucional.

Para mitigar esses riscos, recomenda-se:

- Estabelecer canais de diálogo regulares entre as equipes jurídica, técnica e financeira.

- Atualizar índices e premissas sempre que necessário, mantendo todos alinhados aos mesmos parâmetros.

- Implementar treinamentos periódicos sobre legislação e práticas de reequilíbrio.

Considerações Finais

O controle sistemático de performance e reequilíbrio periódico constitui uma poderosa ferramenta de gestão pública. Além de reduzir passivos e prevenir litígios, promove a continuidade e a qualidade dos serviços públicos.

Ao combinar diagnósticos constantes, procedimentos claros e aplicação rigorosa da lei, gestores e contratados asseguram contratos justos, transparentes e sustentáveis, beneficiando toda a sociedade.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan